segunda-feira, 3 de agosto de 2009

PRA NASCER BIGODE

Desde que Manuelzinho veio pro Colégio Dom Paulo, a vida dele ganhou novo sentido. Antes, estudava no Santa Catarina, o colégio das freiras que acabara de fechar as portas e não se sabia o porquê.

No início, houve várias indecisões. O pai queria que ele fosse estudar no centro de Guarulhos; a mãe, preferia o Dom Paulo porque era mais perto. Não via com bons olhos esse negócio do filho se aventurar de ônibus em idas e voltas pra tão longe. Além do mais, o Dom Paulo acabara de ser inaugurado.

Manuelzinho, em seu primeiro dia de aula na nova escola, sentiu-se deslocado. Era muita gente. Seus ex-colegas do Santa Catarina estavam dispersos. Uns foram pra outras instituições e os que ficaram na Ponte Grande frequentavam turmas diversas.

Na sétima série B, ele foi matriculado. Lá fez amizades com pessoas diferentes, provenientes de vários bairros da cidade e logo se habituou ao novo espaço.

Dentre os amigos, o Gerson, rapaz franzino, moreno, estudioso e comportado. Este tinha mais experiência de vida; os pais eram feirantes. Manuelzinho era filho de uma família de classe média, portugueses, que há muito tempo moravam na Ponte.

Sábado à tarde, Gerson e Manuelzinho foram à Avenida Guarulhos onde tomaram um ônibus com destino à Penha. Era a primeira vez que saiam juntos. Objetivo: assistir ao filme Titanic (a primeira versão) que estava sendo exibido no Cine Penharama.

O ônibus era um Mercedes-Benz, monobloco, modelo O 321 HL, da Empresa de Ônibus Guarulhos S/A que, apesar de velho, era muito vistoso e conservado, tinha as cores verde-amarelo da bandeira nacional e, por ser sábado à tarde, estava lotado.

No coletivo, eles viajaram em pé. À altura dos olhos, vários painéis publicitários à disposição dos passageiros que se dispunham a gastar tempo lendo propagandas.

Num dos painéis, estava a cabeça calva de um senhor de meia idade. A imagem se concentrava na falta de cabelos do personagem. Abaixo da foto, em letras graúdas, a sugestão de que usando um determinado produto - “calvície, nunca mais”.

“Seu crédito aberto num piscar de olhos” – E a foto estampada de uma morena bonita ao lado. Era o que dizia a propaganda de uma famosa rede de lojas com especialidade em tecidos.

As donas de casa agora poderiam inovar na cozinha usando “o leite do puro coco”.

Remédios para combater lombrigas, hemorróidas, meias para pernas com varizes, panela de pressão...

Ufa! Chega de publicidade!

Desceram próximo à Avenida Penha de França e se dirigiram ao Penharama.

Bilheteria, dropes mistos e a imensa tela pela frente.

Música ambiente orquestrada da boa, mais propaganda na tela até que, enfim, inicia o esperado filme.

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A Filomena adora portugueses que têm bigode, de preferência, bem cheios e cuidados. Acha-os estimulantes. Seria essa a razão dela não dar bolas pra mim? É possível. Se eu tivesse a sorte de meu pai! Mas, mamãe anda falando que eu sou muito novo pra ter bigode igual ao dele. Ainda hoje me olhei no espelho, abaixo do nariz, nem um pêlo se quer! Talvez... Talvez... Bem, se funciona em cima da cabeça, quem sabe não faz nascer bigode!?

Tcham...! Tcham!...Tcham...Tcham!!!!!

PÊLO GÊNIO !!!!!!!

3 comentários:

  1. É GILBERTO, AQUI ESTOU EU PARA POSTAR MEU COMENTÁRIO!!!ESSE CONTO É MUITO BOM, VOCÊ (SE ME PERMITIR A MODESTIA) ESTÁ DE PARABÉNS! GOSTEI DE TODOS OS CONTOS, SENDO QUE " É FANTASTICO" FOI O QUE MAIS ME CHAMOU A ATENÇÃO, POIS RETRATA ALGO DO NOSSO COTIDIANO, MAS, QUE HOJE ACABA MUITAS VEZES PASSANDO DESPERCEBIDO...CONTINUE ESCREVENDO QUE EU CONTINUAREI LENDO, ATÉ A PROXIMA, OBRIGADA...

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  2. Luzia

    Eu que te agradeço pela gentileza sua em ler e fazer comentário. Obrigado mesmo.
    Um abração e até o próximo.

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  3. É...
    Uma bela crônica.
    Dá até pra sentir o cheiro das emoções da nossa infância.
    Parabéns.
    Abração.

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